quinta-feira, julho 13, 2006

Um sublime nada





Centro Cultural Cristovão Colombo
Ilha de Santa Maria, Açores


Um sublime nada � um projecto de pintura em que o tema de cada obra, se isola em si próprio como se cada momento tivesse sido apanhado e congelado no tempo. No tempo de cada olhar. Cada peça é habitada por uma paisagem, uma personagem ou por exemplo um objecto. Coisas banais que estamos habituados a não dar grande importância, coisas que nos passam ao lado ou simplesmente sem significado atribuído como se não existissem na nossa vida. Como se fossem nada. Esse nada, que também pode ser tudo, é o ponto central deste projecto, Se definirmos cada olhar como único, essa singularidade poderá ter uma importância extrema no espaço físico onde nos movimentamos e isso poderá atribuir a cada imagem banal uma importância tal, capaz de alterar o rumo das escolhas que fazemos com a objectividade a que estamos habituados. Foi essa escolha, essa preocupação pela banalidade das imagens �?? tiradas de jornais ou de outros registos fotográficos, ou mesmo directamente da natureza - que fizeram surgir a necessidade de sublimá-las, dando-lhes um significado aparentemente divino. Tornando-as importantes na sua essência enquanto registo dessa mesma preocupação. Tudo se movimenta à nossa volta. As imagens vibram com frequências diferentes a cada olhar. Depende de nós a utilização que lhes damos, o significado que inspiram e a necessidade que temos de sublimá-las para que se tornem eternas.

Rogerio Silva
Mafra, 13 Junho 2006